Uma “bomba-relógio” (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Uma “bomba-relógio” (por Magno Martins)

22 de junho de 2020 às 13h12

(Recife-PE) – A prisão de Fabrício Queiroz, quinta-feira passada, ativa nova “bomba-relógio” no Governo Bolsonaro, com potencial de ser ainda mais perigosa do que as outras investigações envolvendo o presidente e sua família, segundo avaliação de analistas da cena política nacional. Há quem entende que o Governo fica ainda mais fragilizado e com nova pendência na Justiça, ao lado de ações como o inquérito das Fake News, a cassação da chapa e a investigação sobre a interferência na Polícia Federal.

Apesar da investigação parecer mais nociva para o senador Flávio Bolsonaro do que para o presidente, certamente trará consequências ao Governo. Obviamente o cerco inicial se dará em cima do filho do presidente, mas com certeza não ficará restrito a isso e deverá chegar ao núcleo central do Governo, num momento em que o mandatário está acuado por todos os lados e sua gestão vive um dos momentos de maior fragilidade.

“Tudo vai depender dos próximos dias, do que o Queiroz depor. E se ele decide falar de maneira sincera? Do ponto de vista da periculosidade, ele é muito mais perigoso, por exemplo, do que o inquérito das Fake News”, avalia Marco Aurélio Nogueira, cientista político e professor da Unesp. Para ele, a prisão mostra que as acusações contra a família de Bolsonaro estão vindo de “vários lados”, fechando o cerco ao presidente.

Outro fator é a imprevisibilidade sobre a reação de Queiroz diante de sua prisão, e possivelmente de sua filha e esposa. “Não sabemos a reação dele diante da prisão. Fala-se em delação premiada. E Queiroz acompanha a família Bolsonaro há anos, não é de hoje que conhece o presidente”, diz a cientista política e professora da PUC-SP, Vera Chaia.

O nome de Fabrício Queiroz veio à tona pela primeira vez pouco após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018. Velho amigo e parceiro de pescaria do patriarca, Queiroz passou mais de uma década a serviço do zero um na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e só foi exonerado do cargo duas semanas antes do segundo turno. No fim daquele ano, veio à tona um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz.

Foram identificados também depósitos fracionados e frequentes de outros funcionários de Flávio na conta bancária de Queiroz, que havia emplacado outros sete familiares em gabinetes legislativos da família Bolsonaro. A suspeita dos investigadores é que Queiroz recolhia parte dos salários de funcionários, prática ilegal, e com o conhecimento de seus superiores.

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