O novo normal na Paraíba – Heron Cid
Bastidores

O novo normal na Paraíba

6 de junho de 2020 às 20h47
Na entrega de hospital da covid em Campina, governador agradeceu iniciativas comuns com prefeitos adversários e deu créditos a Romero Rodrigues e Luciano Cartaxo

Na Bahia, ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador, e Rui Costa (PT), são rivais políticos de fortes embates.

Lá, o presidente nacional do DEM e o governador petista lançaram para outro momento as divergências e se uniram em torno de uma convergência maior do que as diferenças: o enfrentamento ao coronavírus.

Na Paraíba de guerras, já há algum tempo esse milagre era profetizado. Por justiça histórica, registre-se: o então ministro da República, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), fez renovadas pregações exortando o que hoje tem se materializado em cenas, atitudes e gestos de líderes adversários.

A solenidade de entrega de hospital da covid-19, em Campina Grande, deu a chance de a Paraíba ver isso. Foi quando o governador João Azevêdo, de viva voz, ressaltou parcerias com as prefeituras de João Pessoa e Campina Grande.

Com gesto simples, mas de elevado significado, deu o crédito aos outros entes pelo trabalho e esforços que empreendem na guerra pela preservação de vidas, mesmo em meio a uma epidemia de incompreensões.

Por várias vezes, os gestores estão debatendo transparentemente e definindo coletivamente ações comuns.

Nesse grave momento, João, Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues não são e nem podem ser concorrentes. São parceiros. A circunstância e responsabilidade institucional exigem.

Não precisam de uma aliança político-partidária. Basta tão somente uma higienização de senso de responsabilidade contra intrigas e uma vacina para imunizar as vaidades.

João tem praticado esse protocolo e encontrou reciprocidade e maturidade em Luciano e Romero. Ambos, outrora, até quiseram, mas viram frustrar qualquer ambiente de parceria republicana entre João Pessoa, Campina e o Estado.

Ao que parece, algo que só seria possível, em outra época marcada pelo dissenso, mediante adesão. Ou reverência.

A nova política não foi, não é e nem nunca será uma teoria. É prática. E, quando ela surge, o que lhe é inverso fica naturalmente velho, ultrapassado.

Foi a pandemia quem materializou a possibilidade de outro nível de relação administrativa em que mãos estendidas importam mais do que o umbigo. Que seja o novo normal por aqui.

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