Alta patente se dobra a Mourão (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Alta patente se dobra a Mourão (por Magno Martins)

2 de junho de 2020 às 16h44

(Recife-PE) – O que antecipei, ontem, com exclusividade, sobre o sentimento das Forças Armadas em cima do aprofundamento da crise nacional, tem tudo a ver com um único fator: evitar que o Congresso venha tomar o caminho pela discussão e votação dos processos abertos no Supremo contra o presidente Bolsonaro que impliquem na cassação da chapa presidencial eleita em 2018.

Generais de alta patente, segundo apurei, perderam a paciência com o presidente Bolsonaro e querem uma negociação para o impasse da crise que contemple, por qualquer saída, o vice-presidente Hamilton Mourão. General da reserva com amplo trânsito em quem de fato influencia entre os três poderes armados, Mourão seria a garantia de não ocorrer uma ruptura institucional como chegou a pregar o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República.

Tudo que se pense em outra direção, na prática seria golpe. Dos três inquéritos abertos pelo STF contra Bolsonaro, só um interessa aos poderosos das Forças Armadas: o que acusa o chefe da Nação de crime de responsabilidade com base no vídeo da reunião do dia 22 de abril, no qual, segundo o ex-ministro Sérgio Mouro denunciou, o presidente tenta usar a Polícia Federal para proteger o filho Flávio de processo por rachadinha (a distribuição ilegal de valores que seriam destinados a salário quando deputado estadual.

Os outros dois – a acusação de comandar um esquema criminoso de fakes news e a anulação da chapa presidencial – não interessam aos generais, porque detonam, consequentemente, o vice-presidente. Falando, ontem, para o companheiro Tales Faria, editor do Uol em Brasília, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostrou claramente o sentimento de quem de fato exerce influência nas Forças Armadas.

“Um ministro que é general da reserva, ou ainda está na ativa e vira ministro de um governo, ele não representa as Forças Armadas. Elas representam o estado brasileiro”, disse Maia, para acrescentar: “Esses ministros representam a política do governo Bolsonaro, legítima. Eles não podem misturar o histórico, a carreira deles, uma posição política, com o que representam as Forças Armadas. Não podemos criticar as FAs pelo movimento de um ministro político que foi das FAs”.

Questionado se vê, neste momento, movimento de ameaça de ruptura à democracia, o presidente da Câmara respondeu. “Não vejo nas Forças Armadas nenhum movimento de politização ou apoio político ao Governo. Elas têm papel de garantir o estado, a nossa soberania, e assim deve ser de forma permanente”, ressaltou. Tudo a ver com o que escrevi ontem sobre o que tinha apurado com fontes na corte que transitam fácil entre os três poderes armados.

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