Álvaro Dias e a delegada (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Álvaro Dias e a delegada (por Magno Martins)

19 de maio de 2020 às 12h37

Pré-candidata à prefeita do Recife, a delegada Patrícia Domingos parece nunca ter lido a biografia e acompanhado de perto ou longe a trajetória política do seu hoje maior guru, o líder do Podemos no Senado, ex-governador Álvaro Dias (PR). Uma das lideranças de maior envergadura no campo da oposição no Congresso, Dias foi vereador, deputado estadual, deputado federal, governador do Paraná e é a mais expressiva representação do seu Estado no Senado pela terceira vez.

Filho de paulistas católicos que ajudaram a colonizar o norte do Paraná, o pai de origem portuguesa e mãe descendente de italiano, Álvaro Dias ingressou na vida pública como vereador em Londrina em 1968 pelo MDB, partido que fez história no País no combate à ditadura. Testado nas urnas, foi eleito em seguida deputado estadual e mais tarde o mais votado para a Câmara dos Deputados, aliás a maior votação do seu Estado até então, o que o consagrou definitivamente.

Cara nova no Congresso, teve seu nome incluído em diversas listas de cassação elaboradas pelo regime militar, em virtude de sua postura radicalmente oposicionista ao Governo da repressão. Tornou-se um dos vice-líderes do MDB na Câmara, destacando-se por seus veementes discursos denunciando a existência de corrupção no governo militar. Com a extinção do bipartidarismo em 1979 e a consequente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Em 82, foi eleito senador pela primeira vez, tendo sido organizador do primeiro comício pelas diretas já. Quatro anos depois, em 86, o povo a ele entregou o poder no Paraná, rejeitando o opositor Alencar Furtado. Como governador, Dias promoveu uma profunda reforma administrativa, que incluiu enxugamento do Estado, cortes de privilégios e combate à corrupção, o que contribuiu para que a sua gestão fosse marcada por altos índices de aprovação. Em seu segundo ano de governo, alcançou a marca de 90% de aprovação, segundo o Ibope.

Ao final do mandato, entregou um Paraná que foi o único Estado do País que encerrou o ano de 1991 não só sem déficit econômico, mas com superávit acima de 6 bilhões de cruzeiros. Álvaro Dias está no seu terceiro mandato de senador, uma prova de que é um político extremamente antenado com o povo da sua terra. Ninguém sobrevive tanto tempo na vida pública se não foi verdadeiramente porta-voz dos mais altos interesses do povo sofrido e ignorado pelo poder público.

O bom político é aquele ético e honesto, que luta pelos anseios da população, que está presente na sociedade que o elegeu, que dá respostas a todos de seu trabalho, que não abandona suas bases. Patrícia Domingos ingressou no Podemos de Álvaro Dias sem ter essa ampla visão de vida pública. Quer ser prefeita do Recife sem desencarnar da cultura e do ranço autoritário de delegada. Ao invés de processar jornalista, como anunciou, ontem, apontando o dedo para este blogueiro, deveria se espelhar no senador e líder do seu partido.

Na live no Instagram do meu blog, na semana passada, Álvaro Dias fez uma firme e corajosa defesa da liberdade de Imprensa. “Nunca processei nenhum jornalista em minha vida”, afirmou. Ao invés de se insurgir contra a Imprensa, a delegada deveria ter a compreensão de que se o cidadão não puder usufruir da liberdade do livre pensamento, não há como dizer que de fato exista liberdade. Sem liberdade de expressão, deveria entender a delegada, não existe soberania popular em local algum.

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