Aqueles natais – Heron Cid
Opinião

Aqueles natais

24 de dezembro de 2019 às 12h11 Por Heron Cid

Ceia? Não havia. Nem essa palavra. Naqueles natais da minha infância, a missa e o presépio na Capela de Santo Antônio, bem na frente da minha casa, na Rua Ana Rocha, número 18, em Marizópolis, já eram tudo.

O jantar com o cardápio de sempre. O que dava pra fazer e o que tinha. Nunca existiu essa preocupação com o rito e o cerimonial da noite.

A representação do nascimento de Cristo estava no sentimento que nos reunia num espírito que nem sabíamos explicar, mas estava lá.

Nas lâmpadas vermelhas penduradas em árvores das ruas de casas de quem podia, também. Menino, olhava para o brilho delas misturado aos galhos e me encantava. Pareciam maçãs cintilantes flutuando.

Quando era possível, uma roupinha nova que serviria para os próximos anos. Se não tivesse, também não fazia falta.

Nas calçadas, depois da missa, cadeiras e conversas ao vento.

Na avenida principal, o vai e vem dos carros e dos jovens na beira da pista em procissão para cima e para baixo. Uns esperando pelo show, outros gastando o tempo mesmo.

Mais tarde, ao longe o som e o movimento de alguma festa social dançante com bandas de fora.

Dentro de casa, a reunião caseira de sempre. Entre uma palavra e outra e a luz de dormir, o pisca-pisca na sala coloria nossos sonhos.

Não demorava o sono a chegar e aquele Natal ia se findando como começou: simples, do jeito do nascimento mais importante de todos os tempos.

Hoje, será mais uma noite singela e especial ao mesmo tempo. Agora, filhos, esposa e familiares estarão à volta. Faltarão quem já não está mais aqui ou aqueles ocasionalmente separados pelas circunstâncias e distâncias.

Mas o aniversariante – único e eterno – não faltará. Nunca!

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