"Se Bolsonaro errar..." (por Diogo Mainardi) – Heron Cid
Bastidores

“Se Bolsonaro errar…” (por Diogo Mainardi)

9 de novembro de 2019 às 12h42
Flashback.

Em fevereiro, noticiei que os militares do Palácio do Planalto estavam irritados com os filhos do presidente. Espantosamente, eles negaram o fato. Em particular, o general Augusto Heleno, que até aquele momento era visto como o único capaz de tutelar Jair Bolsonaro e impedir que os detritos das redes sociais emporcalhassem as atividades do governo. Eu estava certo: os generais quatro estrelas detestavam Carlos, Eduardo e Flávio (nessa ordem). E eu estava errado (muito errado): apesar de plantarem notas na imprensa, acusando os herdeiros de Jair Bolsonaro, as altas patentes militares fugiam desesperadamente do confronto, porque temiam o bombardeio no Twitter.Fast forward.

Um a um, os generais governistas foram sendo abatidos. Agora, só sobraram aqueles que se renderam às tropas digitais. Os filhos de Jair Bolsonaro, por outro lado, tornaram-se as figuras mais rejeitadas do Brasil. Uma pesquisa do Jota, divulgada alguns dias atrás, mostrou que Flávio Bolsonaro é reprovado por 41% dos brasileiros e aprovado por 14,6%, e Eduardo Bolsonaro é reprovado por 38,6% e aprovado por 18,1%. Os bolsonaristas, claro, desconfiam de todas as pesquisas, mas os mesmos entrevistados que reprovaram o desempenho da dinastia presidencial responderam igualmente que “os direitos humanos atrapalham no combate ao crime” (55,3%), que “precisamos punir os criminosos com mais tempo de cadeia” (84,2%), que “a internet permite descobrir verdades que os jornais e a TV querem esconder” (70,7%) e que “as novelas da Globo não respeitam valores morais” (68,8%). Os filhos do presidente, portanto, foram reprovados por eleitores que, em sua maioria esmagadora, concordam com o que eles pensam.

Flashback.

Em fevereiro, a pergunta era: os militares planejam derrubar Jair Bolsonaro?

Fast Forward.

Em novembro, depois de 300 dias de governo, o risco é outro. A pesquisa do Jota fez a seguinte pergunta: “se Bolsonaro errar, o povo tira ele como tirou Dilma e Collor?” Resultado: 75,7% dos entrevistados responderam que sim.

Crusoé

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