A Paraíba na maior reportagem sobre escravidão no Brasil – Heron Cid
Opinião

A Paraíba na maior reportagem sobre escravidão no Brasil

26 de outubro de 2019 às 12h03 Por Heron Cid
Ramalho Leite (convidado), Laurentino Gomes (palestrante) e Eraldo Luís (mediador)

(BANANEIRAS) – O processo de escravidão no Brasil define nossa identidade nacional. A constatação é do jornalista e escritor Laurentino Gomes, autor da trilogia Escravidão, objeto de análise e debate ontem à noite no 1º Festival Literário de Bananeiras, uma ousadia bem provocante do espírito bananeirense.

A obra de Laurentino é fundamental para entender as consequência e influências do Brasil de ontem nesse Brasil de hoje. É ainda mais indispensável para projetar o que o Brasil será amanhã.

A força do texto do jornalista natural de Maringá (PR) rompe as fronteiras dos escritos de História no Brasil. Jornalista com experiência em grandes títulos da Editora Abril, Gomes carrega uma grande vantagem nesse aspecto. Traz para a literatura a narrativa escorreita, leve, detalhada e extremamente atraente para o leitor, o que em parte explica seu sucesso de público e de crítica.

Laurentino consegue conciliar o faro peculiar à sua profissão por longeva carreira, a descrição sedutora, com a capacidade desenvolvida de aplicado pesquisador dos temas que abraça para registrar com profundidade, conhecimento e precisão. O escritor consagrado em nenhum momento, porém, abandona o repórter por essência.

Desde o seu arrebatador 1808, ele conquista mais leitores. Muita gente que, talvez, não teria grandes atrações por ler obras de assuntos tão densos, mas hipnotizada pela maneira, toda particular do autor, de contar a história, recontando fatos, a partir de sua perspectiva e apuração diferenciadas.

Diferente do historiador acadêmico, preso por natureza às etiquetas e regras próprias da Academia, o que não é nenhum demérito, Laurentino Gomes tem compromisso em se fazer entendido, com uma linguagem acessível, com a palavra para ser lida, interpretada, compreendida.

“Escravidão – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares – ” é resultado de seis anos de intensa pesquisa, viagens a doze países e três continentes. É um relato humanizado de tudo que anotou, testemunhou e sentiu nas suas andanças, entre as quais no brejo da paraibano, que ainda carrega marcas do período escravocrata.

É indispensável para ler, com mais realidade e menos teoria, o Brasil que fomos, que somos e seremos.

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