Na ONU, Bolsonaro foi coerente com o candidato e com o presidente – Heron Cid
Opinião

Na ONU, Bolsonaro foi coerente com o candidato e com o presidente

25 de setembro de 2019 às 08h18 Por Heron Cid

Os sites ontem e os jornais hoje estampam: o presidente Jair Bolsonaro adotou linha agressiva e quebrou a tradição brasileira no discurso feito na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nenhuma novidade. Nem no tom da cobertura da imprensa e nem na fala do presidente.

Na ONU, Bolsonaro foi Bolsonaro.

Anunciou ao mundo sua odisseia de barrar a instalação definitiva do socialismo no Brasil, de estancar a corrupção detectada, investigada, processada e julgada, romper o financiamento de ditaduras afinadas com a ideologia dos governos anteriores e de preservar os costumes que forjaram a tradição conservadora do país.

Mas, também, renovou seu compromisso com a democracia. O que é relevante para um cenário de desconfianças interna e externamente. Coisa que a Venezuela não tem feito sob silêncio complacente de muitos “estadistas”.

Defendeu, ainda, a autonomia e soberania do Brasil no trato de temas sensíveis, como a Amazônia, e repetiu o que já vem bradando; “falácias” e exageros na abordagem sobre as queimadas e demarcações indígenas, ampliadas na dimensão pela disputa ideológica e de poder, que não terminou em outubro último.

Bolsonaro foi o que tem sido. Não custa nada lembrar que este ‘programa’ de intenções – concordando ou não – ganhou referendo nas urnas pela democrática maioria dos brasileiros.

Estranho seria o presidente se vestir de outra personagem para representar o que nem ele e nem o seu governo são. E não há na fala presidencial nenhum trecho escandaloso, nada que já não venha dizendo para dentro e para fora.

O julgamento, portanto, é muito mais da embalagem do que do conteúdo. Não dá para eleger Bolsonaro e esperar dele um comportamento de Dória ou de Alckmin. E nem para dizer que o discurso do presidente foi catastrófico.

O mundo que ainda não sabia soube, ontem, que o Brasil optou, em eleições democráticas, por uma ruptura de modelo político. E o atual governo segue na empreitada por fazer valer essa ruptura, sem nenhuma preocupação com dogmas politicamente corretos. Foi essa a mensagem.

Em plena ONU, Bolsonaro foi coerente com o candidato e com o presidente. E a reação da sempre crítica cobertura da mídia também.

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