Quando um não quer, dois não brigam – Heron Cid
Opinião

Quando um não quer, dois não brigam

2 de junho de 2019 às 08h27 Por Heron Cid
Se maio foi de labaredas, junho começou no Jardim Girassol com chuva, o símbolo da fecundidade

O ditado é velho, mas sua eficácia é atemporal. Só há confronto quando os dois pólos de uma contenda assim o querem.

Durante maio quase inteiro, era o mal que fez o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo andarem em descompasso.

Declarações ácidas de um lado, gestos de revide do outro, críticas de alas do PSB e falta de sintonia em temas comuns provocaram frisson na base aliada, preocupação entre aliados dos dois e certa torcida da oposição e até de setores governistas.

A aparição “surpresa” de Ricardo e João, juntos, ontem, no simbólico Orçamento Democrático de João Pessoa, com direito a discursos e palavras de unidade, de parte a parte, superou um mês do stress que deu margem para elucubrações na imprensa e no reino da política.

Independente de intermediários e pacificadores, eles próprios, no fundo, sabem que uma eventual ruptura seria semelhante a uma colisão frontal de veículos. Ninguém estaria a salvo das avarias.

A dúvida é só uma. Quem soltou a corda esticada? Ricardo? João? Dá pra arriscar: ambos.

Ricardo não abre mão do seu estilo e do seu papel político, mesmo fora do governo. João já deu mostras suficientes: não abdica de conduzir a gestão e a política ao seu modo. Em vez de repelir, os dois podem se completar. Cada um no seu quadrado e habilidade.

Pragmaticamente, um precisa do outro. João da força política e prestígio eleitoral de Ricardo. Coutinho da argamassa do governo para seus projetos vindouros. Essa elementar constatação política deve ter pesado e colaborado ao encaminhamento dado ontem.

Pelo clima asfixiante de outrora, respira-se aliviado no governo. Ninguém precisará passar pelo desconforto e agonia da escolha, entre um e outro, em tão pouco tempo.

Doravante, defensores e beneficiários da unidade, sobretudo da cúpula do PSB, devem rezar e contribuir para que, a cada novo impasse, os dois continuem comungado e praticando o velho adágio pelos próximos meses e anos.

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