O relatório final da operação que abalou a Paraíba – Heron Cid
Opinião

O relatório final da operação que abalou a Paraíba

30 de abril de 2019 às 09h25 Por Heron Cid
Gaeco e PF deram um Xeque-Mate na corrupção entranhada no município e criaram novos paradigmas de investigação e repressão ao crime engravatado no Estado

Biu Ramos, um dos mais brilhantes escribas – como diz Rubens Nóbrega (igualmente mestre no ofício) – escreveu uma série de reportagem intitulada de “Crimes que abalaram a Paraíba”. Na obra, um compêndio de fatos reais horripilantes do mundo policial e político do Estado.

Décadas depois, novas histórias entram no índice. Uma já está sendo contada e é em Cabedelo, mesma cidade que, décadas atrás, protagonizou o “Mistério de Formosa”, capítulo no qual Ramos conta a rumorosa morte de Paulo Maia, jovem de família influente assassinado na calada da noite na conhecida praia cabedelense.

O novo roteiro tem 175 páginas. Elas resumem um intenso trabalho da Polícia Federal e da força tarefa do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) na chamada Operação Xeque-Mate.

De um lado, o diligente delegado Fabiano Emídio. Do outro, o desassombrado promotor Otávio Paulo Neto. Uma dupla que botou no chão um esquema de desvios de recursos na Prefeitura de Cabedelo, uma das mais ricas cidades paraibanas.

No relatório final da PF, dados, depoimentos cruzados, provas, testemunhas, interceptações, ações controladas, delações, colaborações e confissões de uma trama digna de filme. O enredo começa no dia em que o prefeito eleito com mais de 78% dos votos, José Maria de Lucena Filho, decidiu vender o que seus conterrâneos lhe deram de graça, pelo voto: um mandato.

Um efeito dominó. Prisões de autoridades e empresários, entre eles, Roberto Santiago, mudança de prefeito, novas eleições, e uma lição cujo ensinamento vai além dos limites da cidade portuária paraibana.

Um trabalho que deu um xeque-mate na corrupção entranhada no município e criou novos paradigmas de investigação e repressão ao crime organizado engravatado no Estado.

Se vivo estivesse, Biu Ramos teria farto acervo para atualizar, em nova edição, seu emblemático livro-reportagem. Em outra linguagem, os investigadores da operação fizeram esse trabalho. Boa leitura!

Relatório Final XM

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