A 'infeliz' da política – Heron Cid
Opinião

A ‘infeliz’ da política

26 de março de 2019 às 11h23 Por Heron Cid
(Foto: Ricardo Fernandes/DP)

O Brasil já foi mais feliz. É o que atesta o ranking da felicidade realizado por um braço da Organização das Nações Unidas. Estávamos na posição 28. De 2018 para 2019, caímos para a trigésima segunda posição. Quatro degraus.

A pesquisa recente analisou influência dos governos, das mídias sociais e das relações que mantemos no cotidiano.

Fator decisivo para esta sensação de mal estar se associa diretamente ao tensionamento político do Brasil, de 2014 para cá.

Essa é a percepção do professor Mário Sérgio Cortela. “Se vive no Brasil algum desalento, um desânimo. Não tenho dúvida que 2018 machucou muito. A pesquisa captura um pouco desse momento específico”.

De fato, o ambiente político instalado no País não é dos melhores. A divisão, o maniqueísmo, a polarização exacerbada, por vezes desinteligente e cega, cria um estado de combustão permanente.

As pessoas estão muito mais voltadas a gastar suas energias, argumentos e salivas para demarcar suas diferenças de conceitos e visões do que empenhadas em descobrir e pactuar consensos e convergências.

O ringue da rede social representa bem isso. Usuários contumazes amanhecem o dia procurando com o que e no que polemizar. De preferência, xingando gratuitamente, desqualificando interlocutores e distribuindo fel numa metralhadora de desafetos.

Na crise, todos descobriram do dia para a noite o papel da política, a Geni até então tão desprezada, na sua felicidade ou infelicidade. E todos, de uma só vez, resolveram ser um pouco políticos. Cada um na sua tribuna virtual despejando desaforos e dando receitas prontas.

Não é de hoje que nossa política traz mais dores do que delícias. Mas, de uns tempos pra cá, o que era ruim parece ter se superado e conquistado a proeza de piorar. Nesse caos, estamos todos nós metidos. E é impossível ser feliz assim…

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