Onyx, um problema para o capitão. Por Ricardo Noblat – Heron Cid
Bastidores

Onyx, um problema para o capitão. Por Ricardo Noblat

6 de dezembro de 2018 às 11h30
O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acena ao chegar para reunião da equipe de transição do governo, em Brasília (DF) - 04/12/2018 (Eraldo Peres/AP)
Escalado para chefiar a Casa Civil do próximo governo, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tornou-se a uma velocidade espantosa o principal incômodo para o presidente eleito Jair Bolsonaro.  Corre o risco de não ser ministro. Se virar ministro, de ser o primeiro a perder o cargo.

Bolsonaro sabia que Onyx recebera pelo menos um repasse de R$ 100 mil do Grupo J&F. Não sabia que foram dois no mesmo valor, um em 2012 e outro em 2014. . Dinheiro de caixa 2, não declarado à justiça. Crime, portanto, previsto em lei.

Onyx confessara o primeiro, pedira desculpas e devolvera a metade. Sobre o segundo revelado agora, só falou uma vez para se defender. Sua situação agravou-se nas últimas 48 horas quando passou à condição de investigado pela Procuradoria Geral da República.

O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, afirmou que se forem encontradas irregularidades na investigação, Onyx terá de pedir demissão ou de ser demitido. De fato, Mourão repetiu o que Bolsonaro já havia dito quando provocado por jornalistas.

Irregularidade houve, reconhecida pelo próprio Onyx. Talvez o general tenha se referido à descoberta de novas irregularidades. Mourão está aprendendo a ser político mais depressa do que seus antigos colegas de farda imaginavam ser possível.

Onyx é um aliado sincero do presidente eleito. Apoiou-o desde a primeira hora na contramão do seu próprio partido que preferiu apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) a presidente. Mas a caneta Bic de Bolsonaro está cheia de tinta.

Ele não precisou usá-la para livrar-se do senador Magno Malta (PR-ES), seu puxador de rezas em momentos de dor e de júbilo. Malta recusou o convite de Bolsonaro para ser seu vice. Não se reelegeu senador. Quis ser ministro. Foi considerado inadequado para tal.

Todo governo tem lá seus problemas depois que começa, e assim é até o fim. O de Bolsonaro tem um desde já – e ele se chama Onyx Lorenzoni.

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