"A.P.Iquenada" – Heron Cid
Opinião

“A.P.Iquenada”

21 de julho de 2018 às 12h41 Por Heron Cid
Três anos após vitória da Chapa API Unida, eleição descamba para judicialização com vice enfrentando presidente

Resisti, ao máximo, a manifestar preferência pública sobre a eleição da Associação Paraibana de Imprensa, apesar de ter meu voto e decisão a ser sufragada no momento e espaço próprios: na urna e no dia da escolha.

Por um sentimento. Uma entidade, feito a nossa, deve (ou deveria) rejeitar a sedutora tentação de repetir as mesmas e batidas práticas das eleições tradicionais, marcadas pelo manjado e pobre embate de fotos, claques, adesões, ataques, acusações e barracos em assembleias.

Nossa classe, creio, é maior do que esse modelo tão desgastado da política partidária ou sindical, onde no vale tudo pelo poder sobram brigas, ranger de dentes, denúncias e desqualificação e faltam civilidade, tolerância e respeito. Respeito pela própria harmonia e conceito da categoria, algo superior a nomes passageiros, projetos individuais e vaidades.

Em homenagem a esse propósito e convicção, recebi serenamente a visita dos nossos dois candidatos: o diligente João Pinto e a qualificada professora Sandra Moura, respectivamente, presidente e vice da API, que – depois de uma aliança de três anos – agora disputam o comando da Associação.

Enquanto filiado e dirigente de um veículo (Portal MaisPB), em reunião ouvi atentamente as visões e propostas de ambos. Emiti opiniões e dei sugestões, especialmente, sobre a contemporaneidade do jornalismo paraibano, com forte presença da mídia digital como protagonista em conteúdo, novos costumes e importante geradora de empregos.

Assisti o desenrolar do processo e, mesmo convidado a participar de chapa, optei pelo acompanhamento com olhos externos (quem vê de fora, vê melhor), distante da peleja e sem envolvimento passional, apesar de contar com muitos colegas e amigos a quem admiro militando ou concorrendo no pleito. Dos dois lados. E o fiz em deferência ao entendimento pessoal de que nosso segmento precisa ser vacinado da vala comum.

Esforço quebrado quinta-feira pela judicialização da eleição, resultado de demanda jurídica manejada pela chapa da professora Sandra Moura, que, recorrendo às barras dos tribunais, suspendeu o processo eleitoral agendado para este fim de semana, sob o argumento de irregularidades em cerca de 100 filiações. Filiações estas que passaram pelo crivo de Gilson Souto Maior e Professor Trindade, por exemplo, gente respeitável e insuspeita.

O despacho judicial e sua repercussão negativa empurraram todos nós, com a imagem da API junta, a descer um degrau e ao nível que tanto criticamos nos outros. Como verazmente sintetizou e ensinou, em artigo no site Jornal da Paraíba, o decano jornalista Sílvio Osias – com autoridade de eleitor da professora Sandra -, o ato depôs em desfavor da própria chapa autora e da mais representativa entidade da imprensa paraibana.

No primeiro caso, pelo atestado antecipado de derrota. No segundo, pela demonstração pública de nossa sugerida incapacidade de realizar, pacifica e civilizadamente, uma singela eleição para um eleitorado tão pequeno quanto seleto.

Talvez, o calor emocional e a dimensão política militante e passional, a que alguns descambaram, induziram o equívoco dessa leitura e encaminhamento. Ao ponto da chapa que prega resgate e vanguarda ter cometido o erro de contribuir – voluntária ou involuntariamente – para apequenar mais uma instituição que já luta, e não é de hoje, contra gradativo e histórico estágio de diminuição de sua estatura. Uma ironia.

Se antes, o humilde, modesto e trabalhador João Pinto tinha meu desimportante e discreto voto para continuar seu trabalho pela Associação, agora tem minha convicção. E ela chegou quinta-feira no timbre da sentença da juíza Ivanoska Maria.

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