A audiência da audiência – Heron Cid
Opinião

A audiência da audiência

4 de julho de 2018 às 09h35 Por Heron Cid
Ricardo Coutinho durante audiência com Daniella Ribeiro na Granja Santana

Era pra ser uma singela audiência entre uma deputada e um governador do Estado. Era pra ser um encontro de sugestões e reivindicações de setores comerciais de Campina Grande apresentando as demandas da criminalidade e violência na cidade, como o combate à famigerada Gangue da Marcha à Ré.

Era pra ser… Mas estamos na Paraíba e aqui, para os padrões atuais, um encontro entre convictos e bélicos adversários se transforma num grande acontecimento político.

E foi esse ambiente de ineditismo e especulações políticas que marcou a reunião, ontem, entre a deputada estadual Daniella Ribeiro, oposicionista convicta de sete anos de governo do PSB, e o governador Ricardo Coutinho.

O pano de fundo eleitoral e as apostas de adesão da deputada e seu partido à chapa do Governo esconderam o mérito da audiência que, em tese, serviria para debater o grave problema da (in) segurança pública, um quadro que nem de longe está restrito à Campina Grande. Muito pelo contrário, é sentido e sofrido em todas as regiões do Estado.

E esse viés gerou toda a audiência cativa e expectativa sobre o resultado político da audiência. Pouco ficou do saldo prático de providências a serem adotadas, embora estas tenham sido anunciadas ao final das conversas entabuladas.

Mas cabe um registro positivo. Na contagem regressiva da gestão, o governador Ricardo Coutinho fez questão de receber uma adversária política na Granja Santana, sua residência oficial, o que não é muito do seu feitio histórico.

Ricardo fez o mesmo em 2014 com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, quando os dois quebraram um gelo de anos e sentaram para discutir ‘interesses’ da Capital. Dias depois, a aliança para a reeleição do governador foi selada.

Dessa vez, à um mês das convenções e com o PP em fase de indefinição, Coutinho abre as portas da Granja novamente e para uma possível pré-candidata ao Senado, quem sabe na chapa do seu candidato João Azevedo. E prova, assim, que não tem barreiras para dialogar administrativamente com adversários… Quando o desdobramento político interessa.

Comentários