O PT da Paraíba e a César o que é de César – Heron Cid
Opinião

O PT da Paraíba e a César o que é de César

27 de abril de 2018 às 10h12 Por Heron Cid
Luiz Couto, Anísio Maia e Frei Anastácio; cada um no seu papel cumprindo uma exceção que foge à regra da velha política

Costumo dizer que nesse ofício não analiso pessoas, comento fatos. Felizmente, a afeição pelo contraditório tem me oportunizado a condição de separar joio do trigo e de sempre dispor de antídoto contra a generalização.

Quem acompanha este espaço está acostumado a ler, aplaudindo ou rangendo os dentes, as incursões críticas sobre caminhos e descaminhos de lideranças nacionais do PT. Lula, a principal delas.

Uma balança que nem de longe pesa apenas os graves deslizes dos governos petistas, mas sempre afere, com mesma medida, episódios envolvendo condutas reprováveis do cambaleante Governo Michel Temer e as pedaladas morais do senador Aécio Neves, até pouco tempo principal líder da Oposição, e outros tucanos.

Por uma compreensão singela. Corrupção é corrupção. O cidadão está pouco se lixando para as fichas partidárias ou para as cores ideológicas de eventuais corruptos e corruptores. Na régua da cidadania, todos são iguais e, por isso mesmo, devem pagar pelos seus malfeitos.

É imperioso, entretanto, distinguir as coisas. O difícil momento vivido pelo PT no campo nacional não desmerece e nem muito menos empana a qualidade e o papel desempenhado pelo partido na Paraíba. Falo, especialmente, do que é palpável: os mandatos legislativos da sigla no Estado.

Os desempenhos de Luiz Couto, na Câmara Federal, e de Anísio Maia e Frei Anastácio, na Assembleia, estão acima da média, dignificam e honram suas cadeiras. Cada um ao seu modo e com suas peculiaridades.

Couto, destemidamente, empunha quase isolado na bancada federal a bandeira dos direitos humanos. É assíduo em todas as sessões e participa ativamente das comissões.

Anísio Maia mantém a linha progressista, não se afasta do ideário do partido, dialoga com minorias e setoriais sociais marginalizados por outras correntes, é vacinado contra a política de troca de cargos (tanto que praticamente nada tem no Governo que apoia na Paraíba), e não se esconde na hora de dizer o que pensa.

Frei Anastácio é outro ponto fora da curva da política. Não tem um prefeito para chamar de seu. Nem por isso deixa de contar com uma militância do Movimento Sem Terra que lhe segue fervorosamente, porque conta com sua combatividade e desassombro em todas as batalhas. Da hora de privação e desconforto no barracão, ao apoio e solidariedade nas ruas em manifestações ou nas galerias da Assembleia.

Os três têm credenciais sociais e justificam suas respectivas presenças nos mandatos. São ilhas num quadro político, no geral, ora marcado por um mar de mediocridade, ora caracterizado pelas ondas da política de negócios. Exceções que fogem à regra e fazem do PT paraibano uma legenda para se respeitar e não subestimar. Ainda que se divirja dela.

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