Nelma Figueiredo – Heron Cid
Opinião

Nelma Figueiredo

30 de março de 2018 às 20h07 Por Heron Cid
Vibrante na vida e na profissão, Nelma Figueiredo deixa saudades e uma marca pessoal no jornalismo

(São Paulo) – Distante circunstancialmente de João Pessoa, para mim a tarde ficou mais cinzenta na chuvosa São Paulo. No meu coração, a razão: a televisão paraibana perdeu, hoje, uma de suas últimas pioneiras em atividade.

Da conclusão de curso de Comunicação até enquanto as forças lhe permitiram, Nelma Figueiredo (52) respirou, viveu e se alimentou do jornalismo, sua grande paixão.

Era Nelma, realmente, uma apaixonada pela profissão que abraçou como ofício e sacerdócio. Dinâmica, corria atrás das notícias com o mesmo frisson do frescor do início da carreira. Era solidária com os colegas na rua, nas pautas, nas entrevistas.

Não competia. Só no desejo e compromisso diário de fazer o melhor no trato e respeito com a notícia. Era uma jornalista digna, firme, ética e, por isso mesmo, respeitada no meio, pelos patrões e entrevistados.

Na televisão estadual, poucos profissionais tiveram a chance de testemunhar os fatos que ela viu e narrou com desenvoltura, texto escorreito e segurança, marcas para gente com seu talento e maturidade na arte da informação.

Uma de suas características peculiares: a capacidade de memorizar o texto, seja nas passagens, seja ao transmiti-los ao vivo para o público. Nelma não titubeava. Era exímia nesse dom.

No trato pessoal, nunca deixou a vitrine eletrônica subir à cabeça. Agia com simplicidade e respeito na redação. Lembro-me muito bem quando iniciei na TV Correio a forma carinhosa e cordata como me incentivou. Era uma colaborada por natureza. E tinha sempre um sorriso no rosto para oferecer.

A família perde uma mulher dedicada. A imprensa paraibana amarga o luto de uma de nossas decanas. Alguém que viveu a profissão com profunda devoção e amor. Contribuição tão relevante que explica a comoção e as justas homenagens. Nelma dignificou o jornalismo até os últimos sopros de sua voz, abreviada pela morte prematura de uma mulher cheia de vida.

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