Realidade da corrupção no Brasil bota ficção no chinelo – Heron Cid
Opinião

Realidade da corrupção no Brasil bota ficção no chinelo

6 de setembro de 2017 às 10h08 Por Heron Cid

A terceira temporada de Narcos, as tramas de Scandal ou as reviravoltas das novelas das nove. Tudo isso é fichinha perto do enredo disponível, de graça, todos os dias aos brasileiros pelas histórias cabeludas, uma atrás da outra, no festival da corrupção no País.

A desastrada auto-grampeação do dono do grupo JBS com seu executivo é coisa de cinema. Entrou, sem querer, em anexos de novas provas que eles entregariam à Procuradoria Geral da República, a autora de acordo pra lá de questionável que livrou o conglomerado das penas de prisão.

Em segundos, Rodrigo Janot passou de flecha a alvo, treze (olha o número!) dias antes de deixar definitivamente o posto e entregar o bastão à sucessora Raquel Dodge.

No dia em que Janot, numa tentativa de recuperar o prestígio, assina uma denúncia contra a cúpula petista, incluindo Dilma e Lula, e acusa a companheirada de montar uma organização criminosa responsável por desvios de recursos públicos superiores a R$ 1 bilhão, a Polícia Federal acha um apartamento recheado de milionárias malas do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Com um adendo: Geddel é um preso domiciliar da Operação Cui Bono (sugestivo nome!). Foi liberto por decisão do Supremo Tribunal Federal, mas sob condições e restrições. Enquanto isso, continuava armazenando milhões supostamente roubados do período em que comandou, no Governo Dilma, uma das vice-presidências da Caixa, banco estatal, objeto da investigação.

Sem falar nos episódios anteriores. Uma presidente e um ex-presidente tramando por telefone como obstruir investigação. O sucessor da impichada se reunindo, clandestinamente, altas horas e na residência oficial, com um investigado de corrupção, enquanto era gravado por um aparelho de cinco centímetros no bolso do delator…

Qual história da ficção, das séries, dos filmes, consegue se mais atraente e penetrante? O acervo brasileiro é um rico rosário de criatividade que bota no chinelo os melhores escritores e cora os maiores diretores de Hollywood.

House of Cards perdeu a graça. A Netflix não sabe o que está perdendo…

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