José Maranhão: o peso da idade versus a leveza do querer – Heron Cid
Opinião

José Maranhão: o peso da idade versus a leveza do querer

26 de agosto de 2017 às 10h37 Por Heron Cid
José Maranhão, senador do PMDB

Na casa dos 80 anos, um mandato de senador, com seus longos oito anos, é um coroamento do encerramento da carreira de qualquer político.

Menos de José Targino Maranhão, pela segunda vez no Senado e três vezes governador da Paraíba, um currículo de fazer inveja a qualquer homem público.

Para Maranhão, ainda não é suficiente. No gozo de plena vitalidade e saúde, o peemedebista encontrou mais uma motivação para manter acesa a chama do fogo que aquece a sua alma.

O ex-governador se movimenta com o ar e o espírito de quem ainda não concluiu o bom combate, nem guardou a carreira, como assinalado pelo apóstolo Paulo, ao final de sua missão evangélica.

Não é a toa que, em plena noite de sexta-feira, trocou o conforto de sua casa para um jantar pra lá de simbólico com o ex-governador José Lacerda Neto e sua filha (vereadora) Raíssa Lacerda, que ensaia filiação ao PMDB.

Nem é por acaso que passa a fazer a defesa do deputado Veneziano Vital, punido pelo PMDB pelo voto favorável à denúncia contra o presidente Michel Temer.

Nem muito menos quando se posiciona no centro, entre Luciano Cartaxo e Ricardo Coutinho, se deixando ser cortejado pelos dois sem firmar compromisso com nenhum deles.

E o que Maranhão quer com esses movimentos? Dizer a Luciano que está insatisfeito com a fatia na Prefeitura de João Pessoa? Comunicar a Ricardo que topa voltar às boas com o PSB, desde que seja o cabeça da chapa? Ou mandar a mensagem ao PMDB e ao seu eleitor de sua disposição de repetir a eleição passada e sair na terceira faixa? Ou tudo ao mesmo tempo?

A idade avançada pesa para o senador. Não somente pelo esforço físico alucinante de um pleito, mas pelo enfrentamento conceitual com personagens mais jovens e em processo de ascensão no cenário de renovação.

Nada que esmoreça o querer mais íntimo de Zé. É como se o desafio eleitoral fosse o combustível que o faz sentir vivo. O sentido desse prazer pessoal, talvez até psicológico, desequilibra essa balança, entre riscos e apostas, em favor da leveza de “deixar sempre de lado a certeza e arriscar tudo de novo com paixão”, tal cantou Belchior.

Com o olhar ávido por 2018, Maranhão se apega à conjuntura que o levou ao êxito em 2014. Apesar de aparentemente nada ter a contabilizar como perda, não pode, entretanto, esquecer do erro de 2012. Quando também pouco tinha a perder.

Comentários