Ricardo, Luciano e a polarização – Heron Cid
Bastidores

Ricardo, Luciano e a polarização

25 de julho de 2017 às 11h33

Antes da aliança de 2014 e depois do rompimento em 2015, o governador Ricardo Coutinho se esmera na tarefa de desqualificar a gestão e o político Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa.

De uns tempos pra cá, desde que Luciano se reelegeu e passou a ser alternativa real para 2018 com perspectiva de poder, Ricardo intensificou os petardos.

Até aí nenhuma novidade. Agora, a diferença está na reação de Luciano. Antes, diante dos socos, o prefeito preferia a esquiva e evitava o confronto direto.

Comportamento que mudou nas últimas semanas. Cartaxo topou o debate e sempre que pode reage no mesmo tom.

Mais do que isso, tomou para si a tarefa de contraponto ao governador em questões administrativas.

Ricardo entrou pesado na investigação da obra da Lagoa. Luciano devolve agora com o desgaste da terceirização das escolas estaduais.

Sob os dois pontos de vista, o confronto tem razão de ser.

Um representa reciprocamente ao outro obstáculo aos projetos políticos de futuro.

Luciano é para Ricardo hoje a principal pedra no caminho da renovação do poder do PSB na sucessão estadual.

Apesar de não mais figurar na disputa de 2018, Ricardo é para Luciano uma trava, um cabo eleitoral com poder de fogo para colocar um candidato socialista no páreo.

Essa queda de braço tem como pano de fundo João Pessoa, território eleitoral principal dos dois.

Inteligentemente, Ricardo trabalha para brecar o crescimento do nome de Luciano, criando ambiente para motivação de sua tropa e crença de que é possível lançar um candidato com viabilidade.

E Cartaxo aproveita para fazer deste limão uma limonada.

Pega o gancho para polarizar e medir forças com a atual principal liderança política do Estado.

Ricardo busca impor ao adversário o ônus da exposição negativa e Luciano trabalha o bônus que o embate lhe permite: a definitiva e natural inserção no debate estadual.

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