Diretas Já em João Pessoa: por que sobra bandeira e falta massa? – Heron Cid
Opinião

Diretas Já em João Pessoa: por que sobra bandeira e falta massa?

21 de julho de 2017 às 20h46 Por Heron Cid
Bandeiras de partidos e de centrais sindicais afugentam presença espontânea do cidadão

Forte no entusiasmo das lideranças políticas. Fraco no quórum do público.

Sobraram gritos de guerra e faltou massa popular – sem engajamento partidário ou sindical – no primeiro ato das Diretas Já, em João Pessoa.

A presença de notáveis nomes da esquerda brasileira não foi suficiente para sensibilizar e comover uma grande e eclética platéia para o evento.

Esperava-se mais de um ato liderado por um partido com cheiro de povo, como o PT, o principal patrono da movimentação.

Contava-se com mais gente, fora a força dos sindicatos e da CUT, envolvidos totalmente com a mobilização.

Previa-se mais porte e amplitude pela presença do governador Ricardo Coutinho, que naturalmente catalisa e inspira a adesão da base governista e gente ligada ao governo.

Essa ausência expressiva e a falta de entusiasmo dos que foram têm uma explicação lógica.

O ato não é inspirado na revolta da sociedade com o estado de coisas e o desgoverno de Temer.

Longe de ser suprapartidário, o movimento tem o DNA do PT e um objetivo nítido, apesar de travestido.

É na verdade uma manifestação contra Temer e uma pré-campanha pró-Lula.

Falta credibilidade de quem convoca e lidera. Foram os que lutaram até as últimas consequências para sustentar um governo que, já na época e agora muito mais se ver depois das delações, estava podre.

E depois de todos os traumas e de nova frustração com o atual governo, ninguém das ruas está mais candidato à massa de manobra.

Muito menos de quem contribuiu significativamente para o caos que estamos a amargar.

A não ser os ‘companheiros’ com interesse direto nesta ‘causa’. A causa de Lula.

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