O leme da oposição na Paraíba; quem assume? – Heron Cid
Opinião

O leme da oposição na Paraíba; quem assume?

30 de outubro de 2018 às 10h35 Por Heron Cid
Convenção do PSDB em 2017 sinalizou unidade da oposição; discurso de união ficou só na fotografia

Até a grama da Lagoa sabe que a oposição saiu desidratada do processo eleitoral de 2018, na Paraíba. Muito pela incapacidade de convergência que fez dela um balaio de gatos, dividida, dispersa e sem propósitos comuns no pleito.  O que facilitou a vida de João Azevedo, o vencedor.

Batida a poeira do segundo turno, cabe aos líderes do que sobrou da oposição à condução do barco meio à deriva após o tsunami eleitoral que varreu a maioria das pretensões de poder opostas ao grupo do governador Ricardo Coutinho.

Quem assumirá este leme? É a grande pergunta que se faz entre as lideranças Estado afora resistente ao movimento de adesão automática para sobrevivência.

Pela estatura do cargo, o prefeito de João Pessoa aparece no topo da lista. Mas terá Luciano Cartaxo apetite para conciliar a tarefa de concluir os seus dois vindouros anos de gestão e tentar eleger o sucessor e ainda se desdobrar para puxar o contraponto ao futuro governo João Azevedo e atender demandas de aliados do Interior?

Lucélio Cartaxo, ex-candidato ao governo e segundo colocado no pleito, vai persistir no projeto majoritário, após dois insucessos, demarcando território do seu grupo, ou seguirá o script da lógica de construir um mandato legislativo, mais fácil e menos desgastante?

Um adendo. os dois só são elegíveis em 2022 e vão precisar entrar em acordo: cabem os dois numa disputa proporcional? Se não, quem vai para o sacrifício?

O senador Cássio Cunha Lima voluntariamente saiu desse xadrez. Com o anúncio de mudança para Brasília, o tucano sinalizou a opção pela discrição, baixou as armas e vai contar com o tempo como lenitivo. Passará os próximos dois anos, pelo menos, fora do combate.

Romero Rodrigues, prefeito de Campina Grande, ganhou energia no segundo turno ao se postar como única grande liderança em favor da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência, um movimento que tende a render, pelo menos, parcerias e fortalecimento de sua administração.

Rodrigues tem interesse em assumir o front contra João Azevedo ou preferirá dar sequência ao mandato e pavimentar seus próprios caminhos futuros?

Fortalecido pela recondução de Aguinaldo Ribeiro à Câmara e a ascensão de Daniella Ribeiro ao Senado, o clã Ribeiro deve ampliar os espaços de poder em Brasília, com reflexos na base política paraibana, e pode tomar gosto pela coisa. Com oito anos de mandato no caminho, tribuna e vitrine ao seu dispor, Daniella tende a se aventurar a assumir a missão de marcar posição e construir, quem sabe, uma candidatura ao governo.

Uma coisa é certa. Em política, não há espaço vazio. Alguém vai ocupar. Quem assumir esse leme, pega nas mãos o desafio de guiar um barco avariado e ameaçado por ondas caudalosas a exigir muita perícia e resistência para não afogar a tripulação.

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