Bolsonaro pode conter arroubos do filho. E quem pode segurar os Bolsonaro? Por Reinaldo Azevedo – Heron Cid
Bastidores

Bolsonaro pode conter arroubos do filho. E quem pode segurar os Bolsonaro? Por Reinaldo Azevedo

23 de outubro de 2018 às 10h00

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) demonstrou que pode, se preciso, dar um puxão de orelha no seu “garoto” de 34 anos, como ele próprio chamou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais votado do país em números absolutos, obrigando-o a desculpar-se por ter especulado sobre a possibilidade de fechar o Supremo em palestra conferida em julho deste ano.

Eduardo falou ainda em prender os ministros do Supremo. E não foi a única vez, já chego lá. O que se pergunta hoje nos tribunais superiores é quem puxa a orelha do próprio Bolsonaro. Aí a coisa já é mais complicada. Afinal, existe uma diferença abismal entre o candidato que falou nesta segunda, desculpando-se pela bobagem dita pelo filho e afirmando que pretende procurar o ministro Dias Toffoli, presidente do STF, e aquele que fez uma “live” para a Avenida Paulista, no domingo, prometendo colocar a polícia no encalço dos seus adversários. Qual é para valer?

Por mais animado que seja, não há petista ou antibolsonarista que aposte numa reversão da vitória de Jair Bolsonaro. De todo modo, cresceu bastante nos dois últimos dias a disposição de forças políticas distintas, até mesmo antagônicas — PT e setores do PSDB, por exemplo — se juntarem desde já numa espécie de “resistência democrática” ao discurso truculento do clã Bolsonaro.

Nos corredores dos tribunais, há praticamente uma unanimidade: não serão toleradas agressões aos direitos fundamentais, garantidos pela Constituição. Até setores do Ministério Público Federal que veem com simpatia o quadro eleitoral porque entendem que ele representa um endosso à Lava-Jato já começam a ver com desconfiança o futuro. Nesse caso, a fala de Eduardo pesa até menos do que as de Jair e alguns de seus assessores.

A preocupação também já chegou ao alto escalão das Forças Armadas. Não! o alto oficialato não tem dúvida nenhuma entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), embora preferisse mesmo um nome viável que nem fosse do PT nem tivesse vestido farda um dia. Setores ligados à Inteligência entendem que Bolsonaro terá de encaminhar uma proposta de reforma da Previdência, por exemplo, porque, além de necessária, nisso se ancoram as esperanças que os mercados e o empresariado depositam no candidato.

E aí veem duas complicações. Haverá necessariamente mobilização de setores da sociedade, especialmente os sindicatos de trabalhadores e servidores, que vão se opor às mudanças. Como os meios-tons da política desapareceram, restam as tinturas radicais de um lado e de outro. Sim, senhores!

Da boca de um general, saiu a seguinte afirmação: “Não se deve confundir a reforma da Previdência com repressão policial.” Reitero: isso não é conversa de petista. Há mais: os militares acham que, num momento em que é alta a intolerância da sociedade com tudo o que se considera “privilégio”, será grande a cobrança para que o regime de aposentadoria dos membros das Forças Armadas e das polícias militar e civil sigam os marcos que forem adotados para os demais servidores.

RedeTV

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