Serão aproximadamente dez dias, a começar da próxima sexta-feira. Marcos Vinicius, presidente da Câmara de João Pessoa, ocupará nesse período o posto máximo da hierarquia da cidade a quem dedicou sua militância e vivência na vida pública.
A filiação a Tambiá, berço de sua atuação, tem muito a ver com sua personalidade. Assim como o bairro, quem o conhece sabe que Marcos carrega essa capacidade de transitar entre a tradição e a modernidade, entre passado e presente e manter relações do centro à periferia.
Jornalista de formação, Vinicius acumulou muita experiência até aqui. Da redação dos jornais à vitrine da política. Da apuração de matérias ao comando do Poder Legislativo do maior município do Estado, numa eleição em que ele só deve a própria capacidade de articulação e onde venceu o imponderável.
Marcos também viveu o outro lado da moeda. Perdeu mandato, ficou fora da cena, mas não se queixou, não culpou, não se amargurou. Foi resignado e resiliente. Conteve qualquer sedução pela revolta, e preferiu esperar a volta.
Desde que regressou, só abriu caminhos e portas. Na Prefeitura, exerceu com desenvoltura uma passagem profícua pela Comunicação e foi responsável e colaborador do fortalecimento da imagem que rendeu ao prefeito Luciano Cartaxo à reeleição e posterior expectativa de poder estadual.
Na Câmara, deu nova vida ao Poder Legislativo. É da bancada governista, mas não permite que a Casa seja menosprezada no seu papel, não cala oposição e não manobra contra os colegas. Imprimiu uma nova perspectiva social e crítica ao Poder, elaborando uma agenda proativa e à altura do Legislativo de uma capital.
Postura cobrada, em tempo não muito distante, aqui mesmo neste espaço, em várias postagens analisando a legislatura anterior como insípida, tacanha e letárgica. Marcos mudou rapidamente esse quadro e dificilmente se livrará da cobrança natural pela sua manutenção na Presidência.
É um político que experimenta uma curva ascendente e um notório amadurecimento. Convive bem com a cúpula do alto escalão e se mistura com simplicidade no povo, na base.
E a característica mais marcante; o proverbial discernimento de ser comedido no falar e sábio no tempo de silenciar. É de poucas palavras, mas suficiente quando precisa abrir a boca. Domínio próprio perseguido por muitos, mas dom de poucos.
A chegada à Prefeitura de João Pessoa, ainda que interinamente, é para Vinicius este marco. Pela sua natureza irrequieta, é bom anotar: a ‘passagem’, nesses casos, pode ser o começo da viagem.
