O que irá acontecer se Lula perder hoje no Supremo? Nada. Por Fernando Schuler – Heron Cid
Bastidores

O que irá acontecer se Lula perder hoje no Supremo? Nada. Por Fernando Schuler

4 de abril de 2018 às 19h46
Supremo Tribunal Federal

Ainda lembro daquele dia em que o juiz Sergio Moro liberou aqueles áudios do “Bessias”, entre outros, com diálogos aparentemente pouco republicanos envolvendo Lula e a ex-presidente Dilma. Milhares de pessoas saíram às ruas e tudo pareceria que iria explodir. Não explodiu. Tempos depois veio o impeachment e muita gente acreditou que haveria uma guerra santa no país contra o “golpe”. Não houve. No lugar da guerra, muita retórica e um punhado de cursos para iniciados, em nossas universidades públicas.

Depois veio aquela noite de 16 de maio, quando se divulgou a conversa do presidente Temer com Joesley Batista, falando em pagar alguma coisa para Eduardo Cunha. Milhares de pessoas tomaram de assalto a avenida Paulista e a renúncia do presidente parecia ser uma questão de horas. Não foi. A conversa não era bem aquela, o presidente não renunciou, superou duas denúncias no Congresso e acena com uma candidatura em outubro.  

Agora andamos mais uma vez excitados. As razões são perfeitamente óbvias. Não se trata apenas de um habeas corpus ou de Lula ser ou não candidato. Trata-se do mito. Da mística que povoa há quatro décadas nosso imaginário político. E de quebra uma decisão jurídica estratégica para o país, na qual ambos os lados têm razão. Raquel Dodge tem razão em dizer que quatro instâncias “são um exagero que aniquila o sistema de justiça”; o outro lado também tem ao lembrar a clareza incômoda do artigo 5º da Constituição, estabelecendo o princípio da inocência até o trânsito em julgado.