Segurança não dava voto... – Heron Cid
Opinião

Segurança não dava voto…

20 de fevereiro de 2018 às 09h31 Por Heron Cid
Candidatos não vão poder fugir do tema, em 2018, mas eleitor não quer bravatas e fórmulas ' falidas' prontas

O baixo investimento em ações de segurança pública foi apontado por especialistas como fator preponderante para aumento da violência e sensação de insegurança na população. Esse foi o extrato do debate ontem no Frente a Frente, programa semanal que apresento na grade da TV Arapuan. A discussão girou em torno do tema da Campanha da Fraternidade e das decisões pela intervenção federal no Rio, criação do Ministério da Segurança e os reflexos e quadro na Paraíba.

Para o coordenador da rede Desarma Brasil, Almir Laureano, a intervenção é uma medida extrema e só acontece porque muitas ações deixaram de ser feitas pelo Poder Público. Ele ressalta os baixos valores investidos pelo Governo Federal e necessidade de tornar a segurança pública “gigante”. “Com investimento há a mitigação da violência”, avaliou.

Opinião compartilhada pelo sociólogo da Universidade Estadual da Paraíba, David Soares: “O medo é ficar em um debate primário, imediatista, que não resolve o problema”, argumentou. O especialista afirmou que segurança pública não é papel do Exército. “Existem várias medidas anteriores à intervenção”, salientou.

Coordenador das Promotorias Criminais, Márcio Gondim, esclareceu que a intervenção federal é prevista na Constituição, ocorre de forma parcial da capital fluminense e foi necessária no momento atual.

Ele também considerou, porém, que não cabe ao Exército o papel de fazer segurança pública. “A segurança requer mão firme e investimentos”, frisou. Para ele, a “corrupção mata mais que pistola”. Durante o debate o promotor lembrou que índices de homicídios apresentam queda contínua na Paraíba desde 2011.

Na contramão da redução de homicídios, o ex-secretário de Segurança de João Pessoa, Geraldo Amorim, trouxe ao debate informações de que os crimes patrimoniais crescem no estado, assustam e causam a sensação de insegurança na população.

“Você se depara com eles no dia a dia, em casa, no carro. É um crime mais difícil de se medir. Esse é o crime que está na rua, que assalta, bate carteira e tem aumentado de forma exponencial”, avaliou. Amorim destacou o papel da Guarda Municipal ao fazer realizar um trabalho preventivo nas escolas da Capital.

Mesmo com a possibilidade de migração de criminosos do Rio de Janeiro para estados do Nordeste, os especialistas avaliaram que uma intervenção federal também na Paraíba seria desnecessária e um risco muito grande. A proposta chegou a ser expressa pelo deputado federal Benjamim Maranhão.

Todos concordam, num ponto, inclusive o autor deste espaço. Na ordem de prioridades dos governos, segurança está bem longe do topo.

Só tem uma explicação: o tema não dá voto. Ou – atenção senhores candidatos!- não dava. Porque nesse 2018 não haverá como seduzir o eleitor sem dizer algo concreto sobre o assunto. Algo além de bravatas e do velho e conhecido discurso de que os resultados demandam muito tempo. A necessidade é pra ontem.

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