Oposição reabre porta entre Luciano e Ricardo. Sem querer ou querendo? – Heron Cid
Opinião

Oposição reabre porta entre Luciano e Ricardo. Sem querer ou querendo?

4 de janeiro de 2018 às 08h06 Por Heron Cid
Diante de hesitação de setores da Oposição, aliados de Cartaxo já refletem sobre a repetição dessa fotografia

Dentro da Oposição, é consenso que o prefeito Luciano Cartaxo é o candidato mais competitivo do agrupamento, até aqui, o que não desmerece os perfis e a qualidade dos demais nomes. Ponto convergente nas análises de jornalistas políticos e até nas leituras internas do Governo.

Se essa premissa é tão fácil de identificar, inclusive no Jardim Girassol, por que setores da própria Oposição – ciosa de voltar ao poder – sopram os moinhos na direção contrária, num esforço repetido de quem espalha deliberadamente pedras no caminho de Luciano?

É a pergunta estudada em silêncio ou em reuniões mais reservadas por aliados do prefeito. Essa indagação aumentou ontem com as entrevistas dos senadores José Maranhão e Raimundo Lira, do PMDB.

Na CBN João Pessoa, Maranhão foi duro e externou até certa agressividade no discurso, fazendo pouco caso na relação do partido com Cartaxo. Na Rádio Arapuan (Rádio Verdade), Lira cotou uma chapa que incluía, além dele, Lucélio Cartaxo, Cássio Cunha Lima e até, creiam, o governador Ricardo Coutinho.

Lógico e simplório exercício de imaginação permite uma conclusão da tese: Cássio encabeçaria a chapa, Ricardo e Lira disputariam o Senado e para Lucélio, infere-se, sobraria de consolo a vice. Ou seja, para o PMDB vale tudo, inclusive juntar Cássio com Ricardo, menos votar em Luciano.

No PSDB, que tem posta como alternativa a candidatura do prefeito Romero Rodrigues, a palavra de ordem é postergação. O partido, liderado pelo senador Cássio Cunha Lima, evita fechar questão e abreviar a decisão de eventual apoio ao gestor de João Pessoa. Sabedo que Luciano só tem até 7 de abril para tomar drástica medida.

Some-se tudo isso ao fato de Luciano não ter o controle do PSD, em que pese o comandante do partido, Rômulo Gouveia, empenhar apoio à pré-candidatura do prefeito.

O cenário starta um flashback de 2014. O ano começou com indefinições na Oposição. A aliança PT (Luciano Cartaxo) e PMDB (Maranhão e Veneziano) era o encaminhamento natural. O PT preparava nome para indicar ao Senado na chapa do então ex-prefeito Veneziano Vital. A dificuldade de entendimento, porém, era colossal.

De repente, o PT descobre uma operação paralela. Maranhão e o PMDB conversavam justamente com o governador Ricardo Coutinho, enquanto a candidatura de Veneziano ia perdendo as forças e o PT rumando para o isolamento. Sem alternativa, o PT e Luciano não esperaram tempo ruim e celebraram a inesperada aliança. O acordo que mudou o curso da eleição.

A cena, noutro palco, mas com o mesmo ator, se repete agora em 2018. Maranhão coloca o bloco na rua dentro da Oposição, mas não fecha portas com Ricardo e o PSDB leva a decisão em banho-maria.

O quadro tem acendido a luz de alerta de estrategistas de Luciano Cartaxo. Muitos deles já defendem internamente a abertura de diálogo com o PSB. Outros mais radicais acham que o prefeito tem que sair do compasso de espera e se antecipar para não ficar refém.

O raciocínio é pragmático ao extremo. Se muita gente da Oposição trabalha para Luciano não ser candidato, qual sentido ficar no cargo por imposição de movimentos do fogo amigo, e mesmo assim fortalecê-la? Ou, um apontamento mais incisivo. Diante de tanto chove não molha, é mais inteligente uma aliança com Ricardo, juntando de novo as duas maiores máquinas do Estado, já ruminam em tom de reflexão ressabiados partidários do prefeito da Capital.

A hesitação de segmentos oposicionistas pode jogar Luciano – o nome que atualmente mais ameaça a Granja Santana – nos braços do PSB. Se a meta é esta, a Oposição está no caminho certo. Mas é bom não esquecer de olhar para o retrovisor e recordar o final do filme de 2014…

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