A força do Folia de Rua e o cansaço do voo das Muriçocas – Heron Cid
Opinião

A força do Folia de Rua e o cansaço do voo das Muriçocas

28 de fevereiro de 2017 às 10h39 Por Heron Cid

Pela primeira vez, os investimentos privados superaram os recursos públicos no Folia de Rua, prévia carnavalesca de João Pessoa famosa em todo o Brasil.

Mesmo longe de capitalizar o ideal, esse é um indicativo de superação do evento, ainda carente de maior profissionalização na captação de recursos privados e sofrido pela ausência de aporte, ao menos simbólico, do Estado.

No geral, e com o suporte de R$ 250 mil da Prefeitura, o Folia de Rua conseguiu se manter de pé. A abertura, com show apoteótico de Dudu Nobre, no Ponto de Cem Réis, e as Virgens de Tambaú fazendo o dever de casa e levando a massa para rua.

Mas há a constatação de um ponto fora da curva. O vôo das Muriçocas do Miramar, a “mãe” de todo esse movimento, já não foi o mesmo.

O bloco, que há anos saiu da Associação Folia de Rua e tem completa autonomia, dá sinais de cansaço na Avenida que podem ser explicados por questões de gestão fora dela. Houve certa frustração no quesito atrações.

Aliás, o modelo inteiro da festa já é questionado por dirigentes de blocos. Isso ficou evidente durante o programa Frente a Frente, de ontem, Especial de Carnaval, na TV Arapuan.

Artistas e carnavalescos acham que chegou a fora de uma reformulação e de avançar em novos caminhos. Gente como Buda Lira, dos Cafuçus, Euclides Meneses, das Virgens, e Lis Albuquerque, cantor e compositor desde o início de tudo, fizeram a necessária autocrítica.

O que só é possível a partir de uma firme interlocução que possa unir todas as idéias, descontentamentos, discordâncias, queixas e alternativas num mesmo caldeirão.

Uma coisa é certa. O Folia de Rua, por tudo que representa, tem potencial cultural, social e comercial. O que lhe faz resistir ao tempo e as dificuldades e se perpetuar no calendário da Paraíba. Só essa constatação é suficiente para ser revisto e incentivado noutro patamar. Porque nem só de ‘folia’ vive a festa.

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